Introdução

Nesse post iremos abordar todos os detalhes da Escala Menor Natural. Ao final da leitura, você estará apto para por em prática essa escala tão comum e indispensável para qualquer músico.

Uma idéia muito difundida na música, principalmente entre os iniciantes, é de que a tonalidade maior é alegre e a menor é triste. De fato, em alguns casos isso acontece. Músicas em tons menores, principalmente quando lentas, têm uma característica melancólica, como por exemplo a canção “Aint no sunshine when she gones” de Bill Withers:

Porém, músicas em tons menores não são necessariamente tristes. “Na Moral”, da banda Jota Quest é um exemplo disso:

É muito interessante também quando uma música em tonalidade maior é transposta para o tom menor, e vice-versa, recurso muito utilizado por compositores e arranjadores. Existe um canal do Youtube que se dedica a isso, e os resultados são bem interessantes, vale a pena conferir!

Estamos dando esses exemplos práticos para falar de uma das escalas fundamentais para qualquer músico, e que é base das tonalidades menores, a Escala Menor Natural.

Nesse post você irá entender a formação dessa escala e irá conhecer suas digitações na guitarra ou no violão.

As 12 escalas menores

O grande desafio para quem estuda escalas, é conhecê-las e aplicá-las de uma forma musical.

Corremos sempre o risco de ficar tocando shapes pra cima e pra baixo sem conseguir construir melodias, motivos, temas, etc.

No nosso curso completo de guitarra, temos uma aula exclusiva a respeito desse assunto chamada “Conceitos para improvisação”, não deixe de conferir em musicclan.com.br.

Porém, para começar, precisamos entender como se dá a formação da escala e aprender a tocá-la em suas 12 formas ou 12 tonalidades, que são:

Perceba que, devido a enarmonias, algumas tonalidades terão 2 nomes, como por exemplo C#m e Dbm. Na prática o som é o mesmo, porém na teoria teremos 2 formas distintas de escrever.

A formação da Escala Menor Natural

A especificação “menor natural” se dá pelo fato de existirem outras escalas menores, como por exemplo, a Escala Menor Harmônica e a Escala Menor Melódica.

A Escala Menor Natural é também conhecida como Escala Diatônica Menor, Modo Eólio, ou ainda Escala Menor Antiga.

Abaixo temos a escala de Lá Menor Natural, a única que não tem acidentes musicais (# ou b). Ela nos servirá como modelo para todas as outras.

Repare na estrutura intervalar encontrada:

Uma curiosidade: As cifras A B C D E F G foram definidas sobre a escala de Lá Menor Natural e não sobre a escala de Dó maior como para muitos de nós seria o mais óbvio.

Construindo as outras Escalas Menores

Aplicando a estrutura intervalar encontrada partindo de outras tônicas, teremos todas as doze escalas menores:

A ordem dos sustenidos e bemóis

Uma importante maneira de se estudar a Escala Menor Natural é por sua quantidade de acidentes (# e b). Se você reparou na formação das escalas, perceberá que a escala de Lá menor por exemplo não tem nenhum sustenido, já a de Em (que está uma quinta acima), tem um, a de Bm tem 2 acidentes, e assim por diante.

Se observarmos um padrão de quintas entre as tonalidades, partindo de Am (que tem 0 acidentes), iremos encontrar uma com 1 #, outra com 2 #, com 3, 4, 5, 6 e, por fim, a de A#m com 7 acidentes.

Am » Em » Bm » F#m » C#m » G#m » D#m » A#m

A ordem de surgimento dos sustenidos é importante pois será a ordem que aparecerá na Armadura de Clave, assunto que veremos a seguir.

Os sustenidos surgem na seguinte ordem:

Fá » Dó » Sol » Ré » Lá » Mi » Si

Já as escalas menores que se utilizam dos bemóis para manter sua estrutura, surgem em um Ciclo de Quartas:

Am » Dm » Gm » Cm » Fm » Bbm » Ebm » Abm 

A ordem de surgimento dos bemóis é:

Si » Mi » Lá » Ré » Sol » Dó » Fá

Aprenda sobre o Ciclo de Quintas e Quartas em nosso post sobre Escala Maior Natural.

A armadura de clave

Um bom músico deve saber reconhecer o tom de uma música rapidamente, para poder aplicar as escalas e os acordes devidos. Em uma partitura, você pode descobrir o tom da música olhando para a armadura de clave.

Armadura de Clave é um conjunto de sustenidos ou bemóis que se localizam no início da partitura, logo após a clave.

No exemplo abaixo, temos 4 bemóis ao lado da clave de Sol. São eles o Sib, Mib, Láb e Réb.

Essa indicação nos orienta a tocar as 4 notas citadas acima em sua forma alterada (com bemóis) e as outras Sol, Dó e Fá, em sua forma natural (sem acidente)

A escala menor que tem esses quatro acidentes é a de Fá, conforme visto na tabela mais acima, isso indica que a música está na tonalidade de Fm (Fá menor).

Para sabermos se a música está em Fm ou Ab (sua tonalidade relativa), teremos que levar em conta outras fatores, como por exemplo, o primeiro acorde e o último acorde da progressão.

Veja aqui uma tabela das tonalidades relativas: 

*Tons relativos são aqueles que têm em sua escala as mesmas notas, sendo um maior e um menor.

Os shapes da Escala menor natural na guitarra

Uma das maneiras de estudar a Escala Menor Natural na guitarra é através dos shapes de escala. Nós podemos estudá-los por região ou no formato 3 por corda. 

Digitação por região

Nesse exemplo, temos 5 shapes divididos em 5 regiões do braço da guitarra. Esse exemplo está em La menor. Repare que as tônicas estão destacadas.

Digitação 3 por corda

Na maneira 3 por corda, como o nome sugere, tocaremos sempre 3 nota em cada corda. Dessa forma estudaremos 7 shapes. Aqui o exemplo está em Mi menor.

Conclusão

Se a escala menor soa realmente mais triste que a menor, vimos que é uma questão relativa. De qualquer maneira, existem milhares de música que estão no chamado Modo Menor, e um músico precisa conhecê-lo bem e saber tocar sobre suas 12 formas ou tonalidades.

Para te ajudar nessa tarefa, nós também preparamos um post sobre Campo Harmônico, onde ensinamos a tocar progressões de acorde em diferentes tonalidades, inclusive as menores. Dá uma conferida lá!!  https://musicclan.com.br/blog/campo-harmonico/